Esôfago de Barrett é câncer? Entenda

Dra. Beatriz Azevedo • 18 de fevereiro de 2025

O Esôfago de Barrett é uma condição médica que gera dúvidas e preocupações, especialmente em relação à sua associação com o câncer.


Neste artigo, vamos conhecer melhor o Esôfago de Barrett, abordando desde sintomas e diagnóstico até opções de tratamento e prevenção. Se você busca compreender melhor essa condição e como ela impacta o risco de desenvolvimento de câncer, continue a leitura.


O Esôfago de Barrett é câncer?


O Esôfago de Barrett não é câncer, mas uma mudança no revestimento do esôfago. Essa alteração ocorre quando os líquidos do estômago, devido ao refluxo gastroesofágico (DRGE) sobem em direção ao esôfago, causando danos no seu revestimento interno, fazendo com que ele se modifique cronicamente para combater esse dano. Embora não seja câncer, o Esôfago de Barrett é considerado uma condição de significativa importância pois ele é considerado um fator de risco importante para o desenvolvimento de adenocarcinoma esofágico, um tipo de câncer de esôfago.


A importância do
diagnóstico e monitoramento dessa condição reside na capacidade de identificar e tratar precocemente quaisquer progressões para displasia ou ao câncer. Enquanto o Esôfago de Barrett representa um estado alterado do tecido esofágico com risco elevado de malignidade, ele oferece uma janela de oportunidade para intervenção e tratamento do refluxo gastroesofágico e prevenção do câncer de esôfago.


Quais são os sintomas do Esôfago de Barrett?


Curiosamente, muitos indivíduos com o esôfago de barrett não apresentam sintomas específicos além dos associados ao DRGE, como
azia persistente, regurgitação, dor torácica e dificuldade para engolir. No entanto, é essencial estar atento a sinais adicionais que podem surgir, indicando uma evolução da condição ou a necessidade de uma avaliação médica mais detalhada.


Quais são os sinais de alerta que podem indicar a necessidade de investigação médica?


Sinais de alerta importantes incluem uma mudança no padrão de sintomas do refluxo, como um aumento na dificuldade de engolir (disfagia), perda de peso inexplicada, dor torácica não relacionada a doenças cardíacas, vômito persistente ou a presença de sangue no vômito ou nas fezes. Esses sintomas
podem indicar complicações decorrentes do refluxo e Esôfago de Barrett.


Quem deve ser investigado para o Esôfago de Barrett?


A investigação para o Esôfago de Barrett é recomendada para indivíduos que apresentam fatores de risco significativos ou sintomas persistentes de refluxo gastroesofágico (DRGE), particularmente se estes sintomas não respondem adequadamente ao tratamento médico. Além disso, indivíduos com os seguintes perfis devem considerar a avaliação:


  • Histórico de refluxo gastroesofágico: Pessoas com muitos anos de sintomas de refluxo gastroesofágico têm um risco aumentado de desenvolver Esôfago de Barrett.
  • Idade avançada: Indivíduos acima de 50 anos com sintomas crônicos de refluxo devem ser avaliados.
  • Sexo masculino: Homens têm uma prevalência maior em comparação às mulheres.
  • Histórico familiar: Aqueles com histórico familiar da condição ou câncer de esôfago.
  • Estilo de vida: Fumantes e indivíduos com consumo excessivo de álcool.
  • Obesidade: O excesso de peso, especialmente a gordura abdominal, pode aumentar o risco de DRGE e, consequentemente, de Esôfago de Barrett.


Como é o diagnóstico do Esôfago de Barrett?


O processo diagnóstico do Esôfago de Barrett começa tipicamente após a manifestação de sintomas de refluxo gastroesofágico (DRGE) ou quando há fatores de risco significativos presentes, como histórico de longa duração de azia. A endoscopia digestiva alta é o exame chave para o diagnóstico, permitindo que o médico visualize diretamente o revestimento do esôfago. Durante este procedimento, se identificadas áreas suspeitas de Esôfago de Barrett, biópsias são realizadas. Estas amostras de tecido são analisadas microscopicamente para confirmar a presença de metaplasia intestinal no esôfago, caracterizando o Esôfago de Barrett.


Além da endoscopia, o médico pode solicitar exames de
pHmetria esofágica para avaliar a gravidade do refluxo ácido ou se há também refluxo não ácido, ainda mais implicado no desenvolvimento do esôfago de Barrett e manometria esofágica para examinar a função dos músculos esofágicos. Estes testes ajudam a entender melhor a severidade do refluxo e a eficácia do esfíncter esofágico inferior, contribuindo para um plano de tratamento mais direcionado.


Quais são as opções de tratamento para Esôfago de Barrett?


O tratamento do Esôfago de Barrett foca na contenção do refluxo gastroesofágico e no tratamento do epitélio de Barrett quando necessário. O tratamento deve ser personalizado com base na severidade da condição e nos resultados das biópsias. As opções de tratamento são:


  • Medicamentos: Inibidores da bomba de prótons e bloqueadores ácidos competitivos de potássio, são frequentemente prescritos para reduzir a quantidade de ácido produzido pelo estômago, aliviando os sintomas de DRGE e promovendo a cicatrização do esôfago.
  • Terapia de ablação: Para pacientes com displasia de alto grau, que é uma alteração evolutiva do esôfago de Barrett para câncer,  técnicas como ablação por radiofrequência podem ser usadas para remover as células anormais antes que elas possam evoluir para câncer.
  • Cirurgia: Em casos raros, especialmente quando há progressão significativa para displasia ou câncer, a esofagectomia parcial pode ser considerada para remover a seção afetada do esôfago. A cirurgia de contenção do refluxo também pode ser realizada quando não há resposta ao tratamento medicamentoso ou há necessidade de uso ininterrupto de medicação.
  • Vigilância endoscópica regular: Pacientes diagnosticados com Esôfago de Barrett necessitam de monitoramento contínuo através de endoscopias periódicas com biópsias para detectar quaisquer sinais precoces de progressão para displasia ou câncer.


Além dos tratamentos médicos e procedimentos, é importante a
mudança de estilo de vida para gerenciar o DRGE e reduzir os riscos associados ao Esôfago de Barrett. Isso inclui manter um peso saudável, evitar alimentos que desencadeiam o refluxo, parar de fumar e limitar o consumo de álcool. Lembre-se: o causador do Barrett e do adenocarcinoma associado ao Barrett é o refluxo gastroesofágico. Portanto, o tratamento do refluxo com medicamentos, medidas comportamentais e até cirurgia é a estratégia mais importante. 


Perguntas relacionadas ao Esôfago de Barrett



Quanto tempo para desenvolver Esôfago de Barrett?

O desenvolvimento do Esôfago de Barrett está associado à exposição crônica ao refluxo gastroesofágico; portanto, pode levar vários anos de refluxo não tratado ou mal gerenciado para que a condição se estabeleça.


Qual a chance de Barrett virar câncer?

A chance de o Esôfago de Barrett progredir para câncer é relativamente baixa, estimada em aproximadamente 0,5% a 1% por ano para indivíduos com a condição, mas aumenta significativamente em casos de displasia de alto grau.


Qual a gravidade do Esôfago de Barrett?

O Esôfago de Barrett é considerado uma condição séria devido ao seu potencial de progressão para adenocarcinoma esofágico, especialmente em casos com displasia de alto grau, exigindo vigilância e tratamento adequados.


Como é feita a cirurgia de esôfago de Barrett?

A cirurgia para Esôfago de Barrett, tipicamente reservada para casos avançados ou quando há progressão significativa para displasia de alto grau ou câncer, pode incluir a esofagectomia parcial (remoção de parte do esôfago) ou total, frequentemente complementada por técnicas minimamente invasivas como a cirurgia robótica ou abordagens endoscópicas, como a terapia de ablação.


O Esôfago de Barrett pode reverter ou curar-se?

Embora o esôfago de Barrett em si não seja reversível apenas com medicamentos ou mudanças de estilo de vida, ele pode ser controlado e estabilizado dessa forma.

Tratamentos endoscópicos, como a terapia de ablação, podem eliminar o tecido alterado e reduzir significativamente o risco de progressão para câncer caso seja necessário.


Todos com Esôfago de Barrett podem desenvolver câncer?

Não, nem todas as pessoas com Esôfago de Barrett desenvolverão câncer, inclusive isso acontecerá na minoria dos casos, inclusive o tamanho do Barrett influência nesse processo. 

No entanto, elas têm um risco aumentado em comparação com a população geral, tornando essencial o monitoramento regular e o tratamento apropriado.


Quão frequentemente devo fazer endoscopia se tenho Esôfago de Barrett?

A frequência das endoscopias varia de acordo com o grau de displasia encontrada nas biópsias e as diretrizes clínicas, podendo variar de anualmente a cada três anos para vigilância em casos sem displasia.


Como o Esôfago de Barrett afeta a absorção de nutrientes?

O Esôfago de Barrett em si geralmente não afeta diretamente a absorção de nutrientes. Não há nenhum tipo de absorção no esôfago seja ele saudável ou doente. 


Como o estresse e o estilo de vida afetam o Esôfago de Barrett?

Estresse e estilo de vida podem influenciar os sintomas de refluxo ácido associados ao Esôfago de Barrett, potencialmente exacerbando a condição. Um estilo de vida saudável e gestão do estresse podem ajudar a gerenciar o refluxo.


O Esôfago de Barrett afeta a qualidade do sono ou provoca distúrbios respiratórios?

O refluxo ácido grave, associado ao Esôfago de Barrett, pode afetar o sono e potencialmente levar a distúrbios respiratórios como a apneia do sono, devido à aspiração de ácido no trato respiratório.


Como você notou, no final das contas devemos nos preocupar em prevenir e tratar o refluxo gastroesofágico. Ele é o responsável pelo aparecimento do esôfago de Barrett e do câncer do esôfago.


Encontre o especialista certo para o seu tratamento


O Esôfago de Barrett é uma condição que requer atenção e gestão cuidadosa, mas com a informação correta e ações preventivas, é possível viver uma vida saudável e minimizar o risco de complicações sérias. Encorajamos todos a buscar conhecimento, estar atentos aos sinais do seu corpo e dialogar abertamente com profissionais de saúde sobre as melhores estratégias de monitoramento e prevenção. 


Se você está em busca de um médico com experiência no aparelho digestivo, convidamos a
conhecer a Dra. Beatriz Azevedo, médica Cirurgiã do aparelho digestivo e coloproctologista pela USP. Continue aprendendo mais em nossa central educativa.


Lembre-se:
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